sexta-feira, 13 de julho de 2007

Vai um papel aí?

Voltando para casa esses dias encontrei um vendedor ambulante no ônibus. A princípio não me dei conta de que ele era um, pois estava sentado comendo um cheetos de queijo fedorento, quieto em seu assento.
Mas ele levantou em algum momento, colocou o saco vazio de salgadinho numa sacola, e, com as mãos ainda imundas de farelo, começou a distribuir pequenos pedaços de papel de folha pautada, cortados a mão, aos passageiros do ônibus.
Quando chegou minha vez, peguei o papelzinho, virei-o de todos os lados, e o que quase consegui ler foi a letra "P". Era isso, o papelzinho com um pê e com cheiro de cheetos o que ele vendia.
Depois que todos receberam o seu, o vendedor se dirigiu a frente do ônibus, e pensei que fosse iniciar seu discurso-propaganda: "Boa tarde passageiros, desculpe incomodá-los, mas esse é o meu trabalho. Gostaria de oferecer esses deliciosos "papeizinhos" por apenas um real...".
Mas não, ele não fez isso, apenas ficou ali, parado, olhando para o rosto das pessoas... E passados cinco minutos, foi de mão em mão recolhendo de volta o que lhes havia emprestado. Que eu saiba ninguém comprou, mas o mais absurdo é que também não repararam no que havia se passado, agiram naturalmente como se o que tivessem oferecido ã eles fossem chocolates, balas, amendoins, algo que não interessava comprar para si.
Terá sido uma provocação ou uma simples loucura de um cara cansado do nosso senso comum estúpido?

2 comentários:

Anônimo disse...

Amanda...
ele estava vendendo uma letra "P" e vc nao quis comprar.

Ele estava querendo educar a população, distribuindo, por um valor a seu critério, literatura, e vc simplesmente o ignorou.

TscTscTsc...
Falo nada... ¬¬

Anônimo disse...

Pura semiótica, rarará. Mom.