terça-feira, 25 de novembro de 2008

Dia de cão

Sempre que tudo dá errado em meu dia, penso naqueles cães raivosos cheios de espuma na boca. O problema é que não tenho espuma, e nem sempre os outros percebem o limite da minha loucura.
Nesses dias espumosos somos como um imã de xingamentos, ira, tristeza dos outros. É como se a nossa raiva atraísse a dos outros e assim fosse aumentando até um limite, que ainda não sei qual é.
Hoje não confio em quase ninguém. E tenho que me preocupar com o fraco escudo que ainda me resta. Escudo feito de cascas porosas, por onde observo mais pessoas agredindo umas às outras.
A situação que me fez misturar tudo aconteceu hoje, quando um louco me perseguiu, tentou me enfiar dentro de um carro. Fiquei com muita raiva da covardia dele, mas além de tudo indignada pela fragilidade de ser mulher.
Em um mundo que espera a realidade de um contrato social, a valentia, o preconceito, a força ainda são as maiores armas contra a mulher. E fico esperando a inversão da situação. Quando vou poder ser boa, sem esperar um tapa na cara. Quando um ato violento terá em troca o desprezo. Quando a minha ingenuidade não atrairá descaso. Quando o egoísmo não será mais a principal força dos seres humanos.

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