domingo, 23 de dezembro de 2007

Nunca estamos sós

Estou farta de sentir dores no peito, feridas que não cicatrizam, e vão formando imensas quelóides. Uma por cima da outra. Meu estômago dói. O ar é suficiente apenas para manter-me viva, a sentir essa tristeza que me toma.
Por que fui inventar aquela promessa? Devia saber que Iemanjá era forte demais e coração demais, e não poderia me dar um amor sem os rebuliços do mar...
Ganhei sim o amor, a música, a paixão, a companhia, mas também a dor, o choro, as lágrimas, que me fazem lembrar de onde ele veio.
Por isso, cuidado ao desejar. Para não perder-se entre o bem e o castigo. Existirá um que prevalece?
Não, não posso ser cética e fingir que tudo isso esteja acontecendo assim ao acaso. Não se trata de acaso, e sim, de um acordo cerrado entre as ondas, as espumas e as águas daquele dia em que fui desejar.

5 comentários:

Anônimo disse...

Paixões nos aniquilam. Sem ela, entretanto, perambulamos como semi-mortos.

Queria escrever mil coisas, pois sei bem o que você está passando, e também porque, por gostar demais de você, não gostaria que você passasse por qualquer sofrimento que seja.

Encerro aqui, mas antes, deixo um verso de Henri Salvador, um cantador nascido na Guiana Francesa em 1917. Pois bem, esse periférico artista, de dons limitados e projeção ainda menor, escreveu:

Il fait dimanche et tous les jours...
A chaque fois que tu souris
C'est la revanche de l'amour
Sur le temps qui passe sans bruit



É domingo todos os dias, e cada vez que tu sorris é uma revanche do amor sobre o tempo que passa sem deixar marcas.

Amanda, deixe doer, deixe passar, mas acima de tudo, viva intensamente tudo.

E quando você se encontrar novamente com ela, peça mais amor, mais paixão, e também forças para viver tanta vida.

Feliz 2008,

Ru

Anônimo disse...

Que venha a felicidade
Que volte o amor
Leve embora esse ardor
Preciso me despir de tudo que é ruim, e quero vertir-me apenas com sentimentos prazerosos, mas quem será que convive apenas com a felicidade? Aprendi que a dor nos traz uma certa adrenalina, uma aventura, o desejo de nos fazer buscar intensamente algo melhor.

As folhas ficaram secas pelo chão, agora o que me resta é esperar que venha um vento forte e arraste todas elas para bem longe, e cobrirei aquele mesmo chão com fohas bem verdes, e descansarei ali até que elas se tornem secas denovo.

B. disse...

A minha paixão chegou sem eu ter desejado, e foi embora da pior maneira possível: a vida levou, para outra dimensão, outro mundo. E isso é dor que dói demais, que não há tempo que cure.

Mas dizem que tudo é curado, né? Melhor pensar assim...

Unknown disse...

Belo texto Mandita!
Esse do Vitin tb achei legal!
Tá empoeirado seu blog Mandinha! Escreve mais ae!?
Beijos com saudades!

Kaman disse...

Eu sempre soube do seu talento, e não é pio de coruja, não.
Esse texto me trouxe lembranças de dias de silêncio, quando guardei minhas emoções assistindo o seu sofrimento. Sempre funcionou assim entre nós, devagar, com jeito, sem estardalhaço, aos poucos, e sem que eu vaticinasse a minha opinião, você saiu do poço, muito mais forte.